Esta é a sina do homem moderno. Não parar, correr, correr sempre, porque parando talvez pense em algo que não adianta pensar; e não irá o homem, decerto, mudar o mundo. Pensar no estranho fim de Kennedy, Luther King, Gandhi, Vinoba. Pensando, quiçá, não o aceite e se revolte e, sentindo que não adianta revoltar-se diante do inevitável, talvez chore, e um homem não pode chorar... (será que não? Somente crianças choram?).
É preciso correr... correr para o trabalho, correr para casa, ligar o televisor, sofrer pelas visitas de cobradores e não ter o que pagar a eles... tomar um trago. É preciso embotar o cérebro de algum modo; com qualquer coisa que não seja pensar. O lema atual é não parar para não pensar... para não chorar. Há tanta coisa no mundo que não se pode compreender. Não compreendemos, embora tentemos, por que aquele homem que numa briga matou outro, foi preso, enquanto que outros, na guerra, atiram bombas num contingente de soldados, que nem os tinham visto, e foram eles condecorados. E os chamaram de heróis. Foi um crime premeditado, e na tocaia, como covardes,eles mataram uma centena e não foram presos.
Quanta coisa foge à nossa compreensão. Já existem condições tecnológicas de se fazer transplante de um coração novo em um homem velho; entretanto, milhares de corações crianças param, porque os corpos que os envolvem não receberam alimento suficiente. Outros param porque os hospedeiros, cujos corpos os envolvem, não querem vê-los nascer. E tu, mundo, que giras, giras... também não podes parar? Então, por que não giras depressa, como o homem? Não evolues? Levas 24 horas em teu passeio diário como no tempo de carro-de-boi, da pedra lascada. Vê: estamos na era do jato, do foguete... na era da pressa. Acaso pensas que girando, assim devagar, alguém vai olhar calmamente o nascer de teu sol? Não,não tenha ilusões. O homem não tem mais tempo para isso.
Ele vive correndo, correndo, atrás de algo que nem mesmo sabe, ou atrás de nada. E, quando olha para o céu, nem vê sua lua de prata, não. Ora, uma lua obsoleta, antiquada, “coroa”. Olha, sim, o satélite feito por ele. Gira, gira mundo... Mas gira bem depressa, porque assim devagar podes, sem perceber, parar de olhar e não compreender o que os homens fazem em tua face, que é tão linda, que tem tanto para se admirar. Como o homem, tu não podes parar pois, se parares, talvez penses e, pensando... talvez chores.
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