terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Falar de poesia?


Falar de poesia neste mundo?,
Falar de alegrias para esta humanidade egoísta?
Será?
Me atrevo?
Como falar?

Zarpar meu navio deste porto...
Embeber meu espírito em mares mesmo remotos...
De maremotos?

Como falar de poesia?
Como falar, musa?
Como falar?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu e o mundo


Passou o tempo, o momento...

As horas de angústias e incertezas passaram.

Aquele meu pensamento,

Do passado ao presente,

Que insistia em penetrar futuro...

É passado

Tudo acabou?

Não sei...

Só sei que estou agora,

Notívago,

A prantear nas dores do mundo.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Do Evangelho de Ramakrishna

(Tradução: Edgar Rodrigues)

Se sonhas com um tigre, todo teu corpo tremerá

e palpitará violentamente o teu coração.

Quando despertas, compreendes que foi um

simples sonhos,

e sem embargo o teu coração continuará a bater

da mesma forma.


Da mesma maneira a sensação do EU

fica ainda, depois de realizar o Absoluto,

assim pois, se as sensações do EU

são a causa de todas as tuas moléstias

e é impossível libertá-las delas.


Deixa que o teu EU fique servo do Senhor!


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cotidiano


Seis horas da tarde. A noite vinha descendo, encerrando mais um belo dia. Ela, comodamente instalada, observa sem que seus anseios de grandeza nada tivessem acrescentado ao mundo, tão sedento de soluções que sempre lhe pareciam fáceis de aplicar aos problemas universais.

Percebia, no entanto, que seu desejo de escrever, de resolver com caneta a eterna e imponderável inquietude humana, eram vãos, assim como as esperanças de uma juventude entusiasta, filha da experiência que, quando amedrontada, provoca uma complexidade longe de aceitar soluções exclusivamente altruístas e destituídos de significação racional e tradicional.

Talvez (sorri ao ver que ainda lhe sobram esperanças) nunca fosse possível solucionar completamente o difícil problema da felicidade do homem sobre a face da terra. Mas o que sempre a consolava era a certeza de que as idéias, em todo sos tempos, foram precursoras das realidades fecundas.

Nada é feito sem que primeiramente germine a idéia. Os pensamentos, essa realidade que a Ciência demonstra e procura, não eram estéreis no sentido humano, como em momentos de desânimo quase se convencia. Valia a pena pensar. Valia a pena escrever. Mas como trazer “algo de novo” ao mundo? Escrevendo. Escrever o que? Nenhum ramo do conhecimento lhe parecia tão completo, tão extraordinário, como o queriam suas ambições. Sim, quem sabe? Não seriam todas essas insatisfações resultado de sua vaidade faminta? Ela sentia-se desprezível. Se nem idéias tinha, como querer escolher sobre o que dirigir sua questão.

O mais sensato era jantar, pois estava com fome, e já estava na hora.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Canção Exilada

(Parodiando Gonçalves Dias)

Minha terra tem pupunha,
Tem bacaba, mucajá.
Urubus que aqui me cheiram,
Não me cheiran como lá.

Piranhas, botos, trairas,
Matupiri, tamuatá.
Camarão na Fazendinha,
E morenas no Araxá.

Não permita, Deus, que eu mora,
Sem que eu possa relembrar
O cheiro do peixe-frito
E a visita ao quebra-mar.

Tem loura, negra, mulata,
Redondinha e sarará...
Minha terra tem pupunha,
Tem bacaba, mucajá.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cada passo


Cada passo passo perna

Nesta lida sempiterna

Mesmo com sufoco rente,

Mas com emoção eterna.

Cada vez ressurges bela,

Com emoção bem passo a passo,

Deste sentimento puro

Sem olhar o embaraço.

Cada passo passo laço

Com o refluir do amor

Passo pela tua porta

No inebriar da dor.

E a ilusão se torna torta...

Corta... porta...

Corta... morta....