quarta-feira, 16 de março de 2011

Luz e Sal


O monge trapista jovem contempla as espumas de água que catalizam os rebentos de ondas esvoaçante, com toda a força, tentando trepidar nas barreiras protetoras do convento

Luz e sal... areia e espuma... crista e onda... furor e sossego... pesar e melancolia.

No mirar ao longe, algumas aves canoras tendem a pousar, por cima dos telhados do templo. Extasiadas pelo barulho das ondas elas fazem chamego às tartarugas da praia, que se preparam para esconder seus ovos na areia.

A mãe-ave, talvez uma gaivota errante,no alto da torre do campanário faz retirar de suas entranhas um ovo-vida. Está para se repetir o milagre do nascimento.

No mesmo instante que dá à luz um feto, há a repercussão do barulho metálico do sino, no interior da torre-mor, despencando de cima para baixo o inusitado sopro de vida, espatifando-se em seguida o ovo.

O tocar do bronze que deu vazão à tragédia foi feito pelo sineiro do convento, para anunciar o ofício religioso dos monges trapistas, em honra e louvor à Virgem Maria, mãe de Jesus.

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